Em vários momentos me pego imaginando que já tive outras vidas e em alguma delas, ou em todas, fui um grandessíssimo filho da puta, daqueles bem cruéis, sanguinolentos, tiranos, ou apenas um barbeiro sem noção que cortava o cabelo de todo mundo com uma foice e penteava com um ancinho. Essa seria uma explicação viável para o meu carma… A “SCP – Síndrome do Cabelo de Poodle”, que também originou o termo “cabelinho ruim do cacete” ou “cabelo de saco”, uma terrível e ainda inexplicável mutação genética que transforma parte da região capilar em híbrido de Tom Jones e o Shaft. Mas esperem, meu cabelo não é todo crespo, se fosse acharia ótimo, o grande problema é que apenas a parte frontal é ruim, não digo ruim de pontas quebradiças como a mulherada costuma dizer, vou explicar: Em certo momento de seu crescimento ele simplesmente sofre um tipo de transmutação sobrenatural e se transforma em algo parecido com pelo de cabeça de Poodle… Sim, Poodle, aquele cachorrinho, pequenininho, chatinho, “irritantinho”, que late pra cacete e fica pulando incansavelmente na sua perna, mirando sempre e certeiramente o maldito focinho nas suas bolas!… Não erra uma!
Pois é, meu cabelo fica igual e o pior, só na parte da frente, o restante até que passa no teste de qualidade. Se ainda fosse inteiro ruim, poderia deixar crescer e fazer um Black Power descente, tipo o desenho dos Globetrotters, daria até para usar como necessaire ou porta treco, sei lá.
Quando não tenho grana pra cortar então, o bicho pega! A desgraça é completa, fico parecido com o Milionário (Milionário e José Rico) e nas laterais o danado permanece certinho, dá até pra pentear, quem me vê andando na rua deve pensar que fiz a chapinha pela metade e saí correndo!
– Só por curiosidade, gostaria de saber quem veio primeiro, o Ewok ou o Milionário –
Certa vez inventei de deixar as madeixas crescerem e pra tentar manter tudo sobre “controle”, usava vááários produtos, gel, creme, babosa, molho de tomate, o que aparecesse na frente… Tenho que admitir que não era muito agradável de ver, mas quem nunca teve uma faze negra na vida. Nessa época o cabelo chegou quase até os ombros, provavelmente chegariam até a cintura se esticados, mas no meu caso a lei da gravidade era completamente ignorada. Lembro que em certo momento comecei a ficar irritado, não entendia porque tanta gente me olhava, sempre tinha alguém me perguntando, “e a Sandra Rosa Madalena?” E eu me questionava, “cacete quem é esse sujeito?”… “Quem é Sandra Rosa Madalena?”… “Será que trabalha em algum barzinha da Vila Madá?”
Foi então que ao passar na frente de uma loja, avistei um reflexo na vitrine. Meu?! Nããão, do Sidney Magal!!
Entrei na primeira barbearia que encontrei e disse:
“PelamordeDeus, passa a máquina zero antes que alguém me peça um autógrafo!”
“Quem inspirou quem?”